segunda-feira, 2 de dezembro de 2013

Hipocrisia, sua linda

   Quisera eu ser feliz sem ao menos ter motivo para tanto.  Sorrir para tudo e para todos sem dar-lhes justificativa, sem esperar retribuição, apenas uma demonstração grátis da mais pura e genuína alegria. Muitos dizem que um sorriso muda o dia de uma pessoa.  Então, que seja meu tal sorriso, capaz de transformar uma rotina, colorir o que era cinza, dar música ao silêncio. Quisera eu ser um rebelde sem causa da felicidade. Quero, mas não tenho vocação para isso. A safada da hipocrisia me enoja.
    Admiro quem consegue, sem peso na consciência ou repulsa própria, dizer "eu te amo" para cada ser vivo desse planeta sofrido. Parabenizo a pessoa que tem mais amigos de verdade do que dedos nas mãos, que considera família mais de cem pessoas, que conta o tempo de uma amizade, que chora  falsas lágrimas de consolo, que ri falsas gargalhadas de admiração e congratulações. Venero tais pessoas, pois não sou digno de tais dons. Abençoados sejam os "privilegiados" de tamanha "consideração". Destaque para as aspas.
     Queria, como disse, ser feliz sem saber o motivo do sorriso. Rir até perder o fôlego com o simples fato de poder sorrir. Ter uma parada respiratória de tanta alegria, ter um enfarto de tanta exclamação prazerosa de emoção! Quão belo seria morrer sorrindo? Quão horrível seria morrer sorrindo...? Um riso desperdiçado, nada mais é do que o sorriso do hipócrita, aquele compensatório, sorriso de empatia. Sorriso sedutor de garanhão sem cantada ou puta sem pudor. Sorrisos verdadeiros inexistem, por isso prefiro não sorrir. Sorrio quando posso, quando quero, quando ninguém mais pode ou ninguém mais quer. Sorriso zombeteiro, irônico. Aquele que vês no pesadelo, do monstro em baixo da cama. Antes fosse de hipocrisia.

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