quinta-feira, 8 de maio de 2014

Fila de Banco

   Não toque na minha mão, seu pré-candidato a vereador! Não venha dizer que é meu amigo, que todos nessa fila de banco são importantes pra você, que cada cidadão é totalmente e indiscutivelmente necessário para o bom funcionamento da sociedade em que vivemos. Esse papo já não engana nem a Dona Mariazinha da quitanda de frutas de segunda mão vindas da Bolívia! Cada palavra que tu dizes soa tão falsa quanto nota de três reais! E não estou exagerando. Essa tua mão cheia de bactérias impregnadas nas cédulas já aplaudiram propina e corrupção.
  Então agora, tu vens aqui, onze e quinze da manhã, gestantes, idosos, crianças e as pessoas da "fila normal" como plateia, pra dizer que não quer nossos votos, não almeja nossa amizade, apenas quer que possamos abrir as nossas mentes para o futuro mudando o presente? Ótimo, então cala a porra da boca! Quer pessoas cultas e esclarecidas? Então pare de bancar o vendedor ambulante e faça alguma coisa por essas escolas deploráveis que eu estudei, que, garanto, tu estudastes! Ou será que o papo bonito e as mãos transmissoras de vírus falam e se agitam, mas na sua mente, assim como as de seus "colegas", apenas querem que sejamos todos Donas Mariazinhas das quitandas de frutas de segunda mão vindas da Bolívia?
   Portanto, caro número 73 da fila, que por sinal, está começando a arrancar um olhar assassino do número 74, faça a todos nós um favor: quer falar, reclamar, protestar, divulgar? Vá pra merda... (aplausos discretos dos números 68 a 89). Quer votos, tapinhas nas costas, paixões reprimidas das donas de casa que te acham mais ético e bem vestido que os maridos bêbados e agressores delas? Vá pra merda... (agora o número 74 está rindo nada discretamente). Luiz Carlos Prates? Rachel Sheherazade? É, quem sabe, foda-se. Só fiques quieto nessa fila, que a minha cabeça tá doendo.

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